28/01/2013
Técnicas simples melhoram a produção de caprinos no Semiárido
Tradicionalmente na região, a criação de caprinos é praticada de forma extensiva, com a alimentação baseada exclusivamente na vegetação nativa da Caatinga.
Pequenas mudanças de práticas na criação de caprinos podem apresentar bons
resultados para os produtores do sertão do Nordeste. Um estudo realizado na
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Petrolina (PE), mostra
que a adoção de algumas técnicas simples permitem melhores desempenhos
produtivos dos animais, o que implica em maior rentabilidade da
atividade.
Os experimentos estão sendo conduzido pelo pesquisador da
Embrapa Semiárido Tadeu Vinhas Voltolini e pelo médico veterinário Jair Campos
Soares, mestrando em Ciência Animal pela Universidade Federal do Vale do São
Francisco (Univasf). O foco do sistema de produção analisado é a alimentação e o
manejo dos animais.
Tradicionalmente na região, a criação de caprinos é
praticada de forma extensiva, com a alimentação baseada exclusivamente na
vegetação nativa da Caatinga. Segundo os pesquisadores, esta base alimentar é
insuficiente tanto em termos de quantidade quanto de qualidade, e a perda de
peso provocada especialmente no período da seca compromete o desempenho
reprodutivo das fêmeas e o peso das suas crias.
Já no sistema de criação
proposto na pesquisa, utiliza-se uma combinação da vegetação nativa e reserva de
forragens. "Quando está verde, criamos o rebanho na Caatinga - sem exceder a
quantidade de animais alimentados com essa vegetação -, e quando está seco
usamos outras estratégias para a alimentação, como a palma, o capim bufel, a
pornunça, a maniçoba e a melancia forrageira, a maioria sendo conservada na
forma de feno e silagem ", explica Tadeu Voltolini.
Quanto ao manejo dos
animais, uma das principais técnicas adotadas é a estação de monta, em que os
machos são mantidos separados do rebanho, e colocados junto às fêmeas somente no
período programado para a reprodução. Dessa forma, o nascimento, o desmame e a
engorda dos animais podem ser planejados, dando atenção a cada uma dessas
atividades - o que representa melhor manejo dos animais em associação com a
otimização da mão-de-obra da propriedade.
De acordo com Jair Soares,
nesse sistema de produção, o índice de mortalidade das crias foi de apenas 5%,
número considerado baixo quando comparado ao sistema tradicional de criação
extensiva, que chega a ser superior a 30%. Além disso, a fertilidade das fêmeas
alcançou 75%, valor bastante superior ao normalmente encontrado na região. "Com
uma alimentação e manejo adequados, a eficiência reprodutiva dos animais
aumenta", explica o veterinário.
Para o pesquisador Tadeu Voltolini,
esses são resultados que vão levar a propriedade a ter um melhor retorno
econômico. Os dados da pesquisa foram obtidos no ano de 2012, marcado pela maior
estiagem das últimas décadas no Nordeste. "Isso mostra que mesmo em um período
de seca, técnicas simples fazem grande diferença em um sistema de produção",
avalia.
Embrapa Semiárido