Desenvolvidas na África do Sul, em meados da década 40, as raças ovinas Dorper e White Dorper se popularizam no Brasil. Aqui está o maior banco genético fora daquele país, com cerca de 40 mil animais registrados. Nas exposições, são grandes vedetes e o mesmo se vê em empreendimentos voltados ao cruzamento industrial para produção de carne de cordeiro de alta qualidade. E para que permaneça liderando um mercado relativamente novo, mas em franco crescimento, a Associação Brasileira de Criadores de Dorper (ABCDorper) apresenta projetos, começando pela 8ª Exposição Nacional das Raças Dorper & White Dorper.

A mostra suprema dessas raças ocorrerá de 29 de novembro a 07 de dezembro, em Salvador, na Bahia, junto com a 27ª Feira Nacional da Agropecuária (Fenagro’2014). A sugestão partiu da Associação dos Criadores de Caprinos e Ovinos da Bahia (ACCOBA) e foi acatada com grande euforia pela diretoria da ABCDorper. “Será uma exposição grandiosa, com algo perto de mil animais inscritos, e a presença maciça de nossos colegas nordestinos, grandes investidores da ovinocultura moderna, mas que participavam de nosso circuito de forma limitada, por questões sanitárias”, prevê o presidente da ABCDorper, Paulo Franzine.

O dirigente refere-se ao pedido do Governo brasileiro à Organização Mundial da Saúde Animal (OIE, sigla em inglês) para que certifique toda região Nordeste como área livre de febre aftosa com vacinação, status concedido apenas aos estados da Bahia e Sergipe. A resposta é aguardada com grande expectativa, o que deve ocorrer no final de maio, após assembleia do órgão na França.

Em todas as edições, a Nacional do Dorper e White Dorper sempre foi palco de novidades. Neste ano, não será diferente. Haverá um concurso inédito de progênie, o Troféu Gerações, que não valerá pontos, mas premiará criadores/expositores com uma boa quantia em dinheiro. Vencerá aquele com o melhor conjunto mãe/filha Dorper e White Dorper. Sob uma ótica diferente, eis aí outra ferramenta para fortalecer a imagem dessas raças.

Como criador, Franzine entende que morfologia, ainda muito cultuada, é apenas uma parte da genética e que o objetivo para qual esses animais foram criados jamais deve sofrer desvios. “Carneiro só ganha título de ‘pai de cabanha’ na minha propriedade cobrindo um grande volume de fêmeas. Elas, por sua vez, são obrigadas a desmamar borregos (as) de excelente potencial genético. Sou empreendedor e não faz sentido manter uma criação que não gera lucro”, diz.


LEILÃO DORPER RAÇA FORTE

Para captar recursos e manter seus projetos de fomento, a ABCDorper promove no dia 1 de julho, às 19 horas, o 2º Leilão Dorper Raça Forte, pelo site MF Rural (www.mfrural.com.br). Neste ano será em formato virtual, mas sob o mesmo critério de dispor a melhor genética da raça. E para instigar ainda mais criadores, é deste leilão que sairá o prêmio em dinheiro para o inédito concurso de progênie mãe/filha. “Quando mais lotes arrebanharmos para o leilão, maior será o prêmio do concurso”, comenta Franzine, revelando que pretende reservar até 25% do faturamento para este propósito.


GENÉTICA DA CARNE

Produzir uma carne que atenda aos anseios dos consumidores mais exigentes é o caminho para reverter a histórica desorganização do setor da ovinocultura. Investir no melhoramento genético ajuda, mas só isso não basta. Sabe-se que 70% do sucesso está relacionado a fatores externos, como o manejo, sanidade, nutrição, implantação de tecnologias ou mesmo o meio-ambiente. Se manter atualizado quanto às variações do mercado também faz diferença. Foi pensando em tudo isso que a ABCDorper e o Portal FarmPoint desenvolveram o Congresso Nacional de Cordeiros de Corte – ConCcorte, em 2013, com a presença de personalidades de diferentes elos da cadeia produtiva.

O sucesso foi tão grande que outra edição deve ocorrer este ano, provavelmente no segundo semestre. “A ovinocultura pode se transformar em um polo gerador de oportunidade, especialmente para o pequeno e o médio produtor. Temos a obrigação de recomendar a boa genética, técnicas de manejo e nutrição, entre outras coisas. Os preços estão bons, a organização do setor é dependente de escala, mas é preciso conhecer as necessidades dos ovinos, independentemente de raça”, finaliza o dirigente da associação.