05/10/2009
Por que usar monta controlada
A monta natural é a mais eficiente, mas - estranhamente - é a menos utilizada nos rebanhos brasileiros, embora seja a menos cansativa e mais recompensadora...
A monta natural é a mais eficiente, mas - estranhamente - é a menos utilizada nos rebanhos brasileiros, embora seja a menos cansativa e mais recompensadora.
Atualmente o rebanho ovino e caprino de corte brasileiro está em franca expansão, devido ao potencial mercado de consumo interno, que ainda depende das importações de carne ovina de países como a Nova Zelândia, Austrália e Uruguai e da real oportunidade de exportação de carne caprina para os países árabes.
Diante desta realidade, cabe abordar uma das técnicas de manejo reprodutivo para um ótimo aproveitamento do rebanho. A monta controlada é hoje a prática mais eficiente e, ainda assim, menos utilizada nos rebanhos nacionais. Consiste em deixar o reprodutor separado das matrizes durante o dia, deixando-os juntos, à noite, apenas com as fêmeas no cio.
As matrizes deverão ser separadas em lotes de até 50 animais, em piquetes que contenham um rufião vasectomizado. Este rufião terá sua maçã do peito tingida com uma mistura de pó xadrez e óleo. Ao final do dia, quando as matrizes retornarem ao curral para dormir, um funcionário fará a inspeção dos animais, procurando fêmeas marcadas com a tinta do rufião e que, consequentemente, estão no cio, aceitando a monta.
Estas fêmeas terão seus números de identificação anotados e serão levadas ao reprodutor, para passar a noite com ele. Deve-se obedecer a proporção de 7 fêmeas em cio para cada reprodutor, por noite.
O reprodutor, por sua vez, também deverá ter sua maçã de peito tingida, porém usando-se cor diferente da usada no rufião. Ao amanhecer, as fêmeas que tiverem a marca da tinta do reprodutor, deverão ter seus números de identificação anotados como cobertas por aquele reprodutor especificamente e separadas num lote de fêmeas cobertas, para posterior confirmação da prenhez. Esta confirmação poderá ser realizada por nova rufiação, após 17 ou 21 dias (17 para ovelhas e 21 para cabras) ou por Doppler, após 25 dias ou ultrassonografia, após 20 dias.
As vantagens da monta controlada são:
- maior aproveitamento do reprodutor, sem desgastá-lo com a rufiação;
- pode-se emprenhar até 210 fêmeas por mês, utilizando-se um único reprodutor, no caso de uso de cio natural;
- controle do dia da cobertura de cada matriz e consequente previsão da data dos partos;
- melhor controle zootécnico;
- possibilidade da utilização de cio natural ou sincronização de cio das matrizes para homogeinização do lote de cordeiros e cabritos;
- identificação de fêmeas para descarte que não tenham emprenhado em dois ciclos seguidos com registro de cobertura;
- pode ser usado em sistemas de criação semi-intensivos e intensivos.
Quando o reprodutor fica solto direto com as fêmeas no pasto - em regime de Monta Livre Natural - não é possível fazer a escrituração das datas de cobertura e nem prever as datas dos partos. No campo, a quantidade de fêmeas para cada reprodutor será de 25 a 50, que ficará muito desgastado, deixando de comer para rufiar e pode cobrir uma mesma fêmea, mais de uma vez. Resulta em gasto de energia e baixa concentração espermática e consequentemente, baixa taxa de prenhez. A monta controlada é um manejo reprodutivo que dispensa grandes investimentos, organiza sua criação e traz aumento na produtividade.
Dra. Regina Carla Gagliardi de Freitas é Médica Veterinária, especialista em reprodução animal e consultora em ovino-caprinocultura.
Revista O Berr0 Nº127 - Dra. Regina Carla Gagliardi de Freitas